O mais celebrado e polêmico escritor francês de nossa época alcança, com O mapa e o território, sua obra prima. A história da vida do artista plástico Jed Martin é uma perturbadora fábula sobre arte, dinheiro, amor, amizade e morte, em que Michel Houellebecq consegue combinar, com maestria, poesia e violência, desesperança e compaixão. Lançado após um hiato literário de cinco anos, O mapa e o território coroa a carreira do escritor Michel Houellebecq, rendendo-lhe, por fim, seu primeiro Goncourt, principal prêmio francês de literatura. No entanto, lançou o autor em uma grande polêmica: por utilizar descrições de produtos, lugares e personalidades publicadas originalmente em sites, panfletos e reportagens, o livro incitou uma discussão sobre os limites entre citação e plágio. Para além de qualquer controvérsia, porém, o romance é repleto de sutileza e fina ironia. Houellebecq delineia, de maneira impiedosa, a sociedade francesa, o mercado de arte e as altas rodas literárias. Mas, apesar da visão pessimista da natureza humana, permanece ao fim da leitura um sentimento de beleza, melancolia e compaixão. Se Jed Martin, protagonista deste romance, fosse contar sua história, começaria falando de um boiler enguiçado, em um certo 15 de dezembro. Ou de seu pai, arquiteto bem-sucedido, mas que nunca conseguiu demonstrar afeto pelo filho. Evocaria certamente Olga, uma beldade russa que conheceu no início de sua carreira como artista plástico, antes que o sucesso mundial chegasse a partir de uma série de quadros de todos os tipos de personalidades (entre elas o escritor Michel Houellebecq), retratadas no exercício de suas atividades. Possivelmente contaria também como ajudou o comissário Jasselin a elucidar um brutal assassinato. Mas, no fim da vida, nada restou a Jed, apenas murmúrios.